Luiz
Ataíde
Tabatinga
(AM) – O dia 22 de agosto é comemorado “O Dia do Folclore”, nossa região rica
em lendas não poderíamos deixar de relatar mais uma estória repassada por
gerações ligada com a cultura de nossos primitivos habitantes, que passaremos a
contar.
Contavam
os antigos habitantes indígenas de nossa região, que no lugar chamado
Tabatinga, existia uma antiga tribo de índio, onde os homens sofriam muito
porque não existiam mulheres; um deles era o jovem guerreiro Maiquiri, que na
antiga língua indígena significava “homem corajoso”, era filho do tuxaua, era
um rapaz bonito, bom caçador e pescador, era o marido que qualquer mulher
desejaria. Desejava, sonhava um dia ter uma mulher para sua companheira, mas não
existiam.
Certo
dia ao sair para caçar, no meio do caminho encontrou uma rã com umas cores
bonitas e que não parava de coaxar, ficou a olhar para aquele animal e disse:
-
Ah, rã bonita, se tu fosses uma mulher eu ia me casar contigo!
Disse
isto e continuou seu caminho. Andou um pouco mais e viu uma clareira e no meio
corria um bonito igarapé ladeado por bonito capim, logo distinguiu próximo ao
riacho a figura de uma mulher, aproximou-se e constatou que era uma bela jovem
que dizia que morava numa tribo distante e perdida. Perguntou-lhe se aceitava
morar com ele e ser sua mulher, e ela prontamente aceitou. Passado algum tempo
ela ficou grávida, ele ficou muito alegre. Ansioso pelo nascimento do filho
teve uma decepção, não nasceu uma criança, nasceu um sapo.
Perturbado
foi consultar o pajé, que lhe disse ter sido enganado, na verdade ela era uma
rã que se transformava em animal ou gente. Certo dia escondido numa moita, observou
quando sua mulher se dirigiu ao igarapé, ao cair na água ela se transformou numa
rã que ele tinha visto no caminho. Maiquiri magoado chorou e foi pedir ajuda ao
pajé para acabar com o encantamento. O pajé com pena do sofrimento do jovem
guerreiro, pediu que retirasse um fio de cabelo do cocuruto da mulher, de posse
do cabelo o pajé botou para ferver junto com a flor perfumada de manacá, depois
pediu para que ela e o sapo bebessem aquela água na noite de lua nova.
Ao
acordar na manhã seguinte, Manaquiri viu ao lado da mulher um lindo menino, era
seu filho que ele tanto almejava, chorou de felicidade, o encanto tinha
desaparecido, sua mulher nunca mais se transformou em rã. Por castigo de Tupã,
desde então as fêmeas nunca mais cantaram, somente as rãs macho cantam para
atrair as fêmeas.