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terça-feira, 20 de setembro de 2016

A 2ª Guerra Mundial e o Alto Solimões

Foto: Arquivo pessoal

Por Luiz Ataíde

A 2ª Guerra Mundial, iniciada em 1º de setembro de 1939, com a invasão das tropas nazistas de Adolf Hitler à Polônia, terminou em 8 de maio de 1945, com a rendição incondicional da Alemanha. Portanto no dia 8 de maio de 2015, comemorou-se 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial. Daí vem a pergunta, o que o Alto Solimões tem a ver com isso? Eu diria muitas coisas.

Com o fim da decadência da 1ª fase da borracha, iniciada nos primeiros meses de 1910, o Amazonas vivia estagnado na sua economia. A 2ª Guerra, com o Japão como aliado da Alemanha, fechava a entrada dos países ocidentais à borracha produzidas no continente asiático, forçando as indústrias mundiais a se voltarem novamente para a Amazônia em busca das seringueiras nativas.

Os seringais do Vale do Javari são novamente invadidos por milhares de nordestinos, aparecem os patrões, os aviadores, os regatões, os barracões nos seringais, Remate de Males principal cidade do Solimões na foz do Itecoaí fervilhante de gente, retomando seus dias de opulência, com hotéis lotados, agência bancária, consultórios médicos, de dentistas e de advogados, cabarés, bares, casas de sinucas, farmácias, alfaiataria, lojas de artigos de luxo, etc...

O Acordo de Whashington firmado entre os Estados Unidos e o Brasil, possibilitou a injeção de milhões de dólares, para dar apoio à produção da borracha e atendimento no local de trabalho do seringueiro com a criação do SESP (Serviço Especial de Saúde Pública), serviços que nunca foram cumpridos, os seringueiros morriam nos seringais, sem jamais terem visto um médico, nem remédio para malária, nem purgante pros meninos.

Terminada a 2ª Guerra veio novamente o caos, encerrando a 2ª Fase da Borracha, as promessas governamentais com passagens de volta e de graça para seus Estados de origens, foram esquecidas. O êxodo era inevitável para os povoados fronteiriços. Remate de Males aos poucos era abandonada nascendo Atalaia do Norte.

Benjamin Constant, outrora chamada Esperança se expandia com tanta gente. A Ilha do Aramaçá tornou-se o maior celeiro agrícola. O povoado do Marco-Divisório diariamente recebia balsas com família de retirantes do Javari, atraídos por Letícia ao lado, onde o governo colombiano começava a investir em obras, mas não tinta gente, o operário.

A 2ª Guerra Mundial deixou essa miscigenação de raças, a cultura musical com a rabeca, sanfona, bandolim, repentes: danças do xóte rodado, baião, xaxado, xerém; o bumba-meu-boi, as quadrilhas; a religiosidade aos santos com levantamento de mastros (São Sebastião, Santo Antonio, São João Batista, Santa Luzia, São Francisco, etc); as benzedeiras, parteiras, rezadores, etc...

Consideramos como o fator mais importante, o aumento populacional da região, a leva de gente de todas matizes, veio contribuir para preencher o imenso vazio demográfico, situação sempre citadas nos relatórios dos Presidentes da Província; com o fluxo migratório do pós-guerra, as fronteiras do Solimões e Javari, foram decisivos na ocupação permanente do espaço geopolítico a oeste do Estado do Amazonas.

sexta-feira, 4 de março de 2016

O futebol tabatinguense do início da década de 70

Foto: Luiz Ataide (DOM BOSCO – 1975. Em pé da esquerda pra direita: Wilson, Góes, Peruanito, Paca,Lázaro, Alonso, Guerra, Joselí, Tostão. Agachados da esquerda pra direita: Pelaes, Tenis (com seu filho Juscelino), Alvarado, Sierra, Cambota, Amadeu e Sabá)

Que saudades do nosso bom futebol

Por:  Luiz Ataide

Vemos nossa cidade em completa letargia e abandono em termos de esportes, mais precisamente o futebol, ainda salvo por alguns abnegados esportista ou grupo de pessoas  que ainda amam o   ̎esporte rei   ̎, que independentes do poder público, não deixam o nosso moribundo futebol morrer de uma vez.

As iniciativas para formação de bons times surgiram durante a década de 50, por pessoas como o Seu Euzébio Cordeiro, que fundou a equipe do Brilhante Esporte Clube; Seu Mamerto Angulo, que fundou o poderoso Paissandu, Seu Pedro Gomes da Silva (Seu Pedro I) com o timaço do Penarol. Na vila Militar o célebre e inesquecível time da Companhia (7ª Cia. de Fronteira), comandada pelo entusiasta Tenente Almeida, equipes que fizeram história na fronteira, até o final da década de 60. Em 17.02.1972 esse autor funda a Liga Esportiva de Tabatinga, junto com outros desportista como Elodebar Ribeiro, Silvio Brito de Carvalho (Bibite), Antero Corrêa Vieira, entre outros, iniciando pela primeira vez um campeonato devidamente organizado. Os campos de futebol eram feitos pelos próprios jogadores nos fins de semana, no mutirão ou em horas de folga do trabalho, na base do machado, pá, terçado e enxada, eram homens, mulheres e crianças. Assim surgiram os campos de Dom Bosco no bairro de São Francisco; Cruzeiro, próximo ao atual mercado municipal (dos irmãos Zé e Paulo Parente); São Raimundo, também no bairro de São Francisco (dos irmãos Careca e Virgilio); Olaria atrás do Colégio Pedro Teixeira, além do campo do amante de futebol Seu Luiz Ferreira Tenazor (onde hoje está localizado o colégio Batista Regular-IBRET), os campos do CFSol, da Comara e o campinho de outro apaixonado por futebol Seu   ̎  Júlio Couro  ̎ , no bairro Ibirapuera.


A abertura do campeonato com o desfile das equipes na Rua Marechal Mallet, a rainha na frente portando a bandeira do time, atrás as bonitas guardas de honras, a diretoria e os jogadores. O torneio inicio e o campeonato, as torcidas na beira dos campos, as charangas, as bandeiras, o foguetório, as transmissões pelo boca-de-ferro com Ozires Clécio e Aluizio Cury. Os jogos eram aos domingos, pela manhã a rodada dos juvenis e a tarde dos maiores. O maior clássico era entre Dom Bosco e Palmeiras, times de maiores torcidas, as apostas corriam soltas. Todas aquelas manifestações esportivas ficaram no passado, foi um sonho que passou, que belas tardes de domingo. A administração militar com o intuito de urbanizar a cidade, passou o trator por cima dos campos abrindo ruas, foram loteados surgindo casas, desaparecendo os locais da prática do esporte e do lazer. Quando Tabatinga se tornou município em 1983, não tínhamos na cidade mais nenhum campo de futebol. Em 1985 o Prefeito Oscar Gomes da Silva, começou a construir o atual estádio, deixou reservada outra área para um campo, onde atualmente está localizado o onçódromo; de lá pra cá nenhum outro Prefeito teve a iniciativa em deixar reservado nos novos bairros que surgiram, locais para a pratica de esportes, não se preocupando com o futuro de nossa juventude,  somente  lembrada durante as campanhas eleitorais, depois esquecida.